Leveza

Mergulho no si mesmo em busca de um impulso renovado que me  faça andar, que me faça estar a caminho, que me faça sair da inércia. Mergulho no si mesmo para descobrir meu lugar no mundo, meu lugar na arte.

Nesse percurso percebo o peso, o peso insustentável da existência, o peso que insisto em carregar. Lembro de Ítalo Calvino em seu livro “Seis Propostas para o Próximo Milênio” que estabelece como uma das propostas a LEVEZA. Leveza como ato de remover o peso, remover o peso da escrita, remover o peso das ações, do modo de olhar, de sentir e etc. Calvino se utiliza da mitologia grega para tratar da leveza e encontro no mito de Perseu. O herói, exemplo de leveza, utiliza sandálias aladas e um capuz da invisibilidade. Além disso, ao enfrentar a Medusa, a fim de cortar sua cabeça para presentear ao Rei e livrar sua mãe de realizar favores sexuais, Perseu conta com o auxílio de um escudo espelhado que utiliza para não olhar diretamente aos olhos da Medusa e ser petrificado. Calvino descrevendo o universo metafórico de leveza em torno do mito do herói grego, para falar da necessidade de LEVEZA para estarmos no mundo.

Agir com leveza parece uma das demandas mais urgentes. Em meio a uma realidade tão ilusória, é preciso ser leve para fluir e transformar o universo que me cerca.

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