FLUCHTPUNKT – PONTO DE FUGA

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Não é de hoje que o tema “estrangeiro” me é bem quisto. É uma temática que me provoca intensamente, talvez, porque sou um “filho da puta de fronteira” como disse certa vez um amigo Colombiano. Não me identifico com nenhuma raiz e posso, facilmente, me adaptar ao que me parece mais conveniente. Em verdade sou um eterno buscador embora ainda não tenha identificado o que realmente busco. Todavia, o contato com o outro me alimenta. O desafio do frente-a-frente com o outro, a experiência da alteridade me move como humano.

Em Fluchtpunkt, espetáculo no qual estreio como ator na Alemanha, o tema não é “estrangeiro”, mas, fala de deslocamento, de busca, de desterritorialização. Um tema bastante interessante em tempos contemporâneos e globalizados. Na peça, em que atuo no papel principal, o texto original de Eugenè Ionesco foi transformado para potencializar o percurso de um homem no retorno a seu Heimat (casa materna).

Foi um processo muito rico, em primeiro lugar por ser em outro país, com outra língua, com um elenco internacional. Em segundo lugar, por a história ter muito a ver com minha própria história. O fato de eu estar em outro país, em busca de algo, estudando a noção de contato em Grotowski, experimentando o dia-a-dia em outra língua.

Espero que o espetáculo chegue aos que foram ao teatro e que o nosso encontro seja intenso e transformador.

“Wir sind die Straßen hinunter,
in Räume gekommen, Vorbei an Parks,
An Plätzen,Wiegen Mütter die Kinder,
“Auf auf!„ Sagen sie, “Auf Auf.”

«Um filho que se julgava desaparecido regressa um dia à casa de sua mãe.
Após anos de ausência, ele espera encontrar-se de novo a si mesmo, no sítio onde nasceu, junto àqueles que se supõe serem os seus entes mais próximos. Mas isso não acontece pois não existe uma linguagem comum a todos.
A esperada revisão da sua vida transforma-se num verdadeiro pesadelo e ganha uma dinâmica pópria, imparável.
A casa da mãe enche-se de móveis do filho, numa dança absurda, e empurra-o incessantemente para o abismo.
Adaptada livremente a partir de motivos de Eugène Ionesco,  esta encenação trata da alienação e da libertação de um homem em relação às suas próprias raízes, e questiona o que é que nos prende, e o que nos move.»

Adaptação de Christopher Ramm e Felix Giese.

Elenco: Leonel Henckes, Yekaterina Bezdetnaya, Jonathan Kempf, Sasha Bogdanovic, Jan Meyer e Paula Menzel
Músicos: Nathanael Freier, Gero Beckmann, Vlado Kultzen
Encenação: Christopher Ramm, Felix Giese
Dramaturgia: Paul MarwitzBühne
Figurinos: Charlotta Hench, Maike Schroeder, Chris Markert
Design de Luz: Chris Markert
Técnico:  Torsten Eissrich

11, 12 e 25 de outubro de 2013, às 20h
15 e 16 de novembro de 2013, às 20h
Theater im Kino Süd
Boxhagener Str. 18
10245 Berlim